BAIÃO    

 

 

 

Segundo informa Câmara Cascudo, foi gênero de dança popular bastante comum durante o século XIX.

Em 1928 Rodrigues de Carvalho registrou que "...o baião, que é o [ritmo] mais comum entre a canalha, e toma diversas modalidades coreográficas".

Câmara Cascudo registra ainda a sua popularização no país, a partir de 1946, com Luiz Gonzaga, em forma modificada pela "inconsciente influência local do samba e das congas cubanas" - sendo o ritmo de sucesso, vencendo o espaço então dominado pelo bolero.

Sua execução original era com sanfonas, que com a popularização passou a anexar o orquestramento.

A conjunto da instrumentação básica do baião, segundo Luiz Gonzaga num depoimento, é de origem portuguesa, mais especificamente dachula.

' ' ' ' Depois eu verifiquei que esse conjunto era de origem portuguesa, porque a chula do velho Portugal tem essas coisas, o ferrinho (triângulo), o bombo (o zabumba) e a rabeca (a sanfona)... é folclore que chegou de lá no Brasil e deu certo. Agora, o que eu criei, foi a divisão do triângulo, como ele é tocado no baião. Isso aí não era conhecido. (Deryfus, 1996, p.152 apud Ramalho, 2000, p.62)


O primeiro sucesso veio com a música homônima - Baião - de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, cuja letra diz: "Eu vou mostrar pra vocês / Como se dança o baião / E quem quiser aprender / É favor prestar atenção." [5] e "(...) o baião tem um quê / Que as outras danças não têm".

Gonzaga logo passou a dominar o gosto popular com outros sucessos no estilo do baião, a ponto de jornais da época registrarem que o ritmo tornara-se a "coqueluche nacional de 1949" (segundo a revista Radar) e era decisiva sua influência "na predileção do povo" (jornal Diário Carioca).

A partir da década de 50, o gênero passou a ser gravado por diversos outros artistas, dentre os quais Marlene, Emilinha Borba, Ivon Curi,Carolina Cardoso de Menezes, Carmem Miranda, Isaura Garcia, Ademilde Fonseca, Dircinha Batista, Jamelão, dentre outros. Se Gonzaga era o "Rei do Baião", Carmélia Alves era tida como a "Rainha", Claudete Soares a "princesa" e Luiz Vieira o "príncipe". Após um período de relativo esquecimento, durante a década de 60 e a seguinte, no final dos anos 70 ressurgiu com Dominguinhos, Zito Borborema, João do Vale, Quinteto Violado, Jorge de Altinho e outros.

O ritmo influenciou ainda o tropicalismo de Gilberto Gil e o rock'n roll de outro baiano - Raul Seixas. Este último fundiu os dois ritmos, criando aquilo que chamou de "Baioque".