POLCA                                   

 

Dança popular da Boêmia (parta do antigo Império Austro-Húngaro integrada à Tchecoslováquia), introduzida nos salões europeus da era pós-napoleônica com o atrativo da aproximação física dos dançarinos, ao prever duas possibilidades de evolução do par enlaçado: rodeando (um giro após seis passos, com meio giro no terceiro, e outro depois dos três últimos), ou, mais animadamente, com rápidos pulinhos nas pontas dos pés. Tudo dentro de um compasso binário simples, de movimento em allegretto, cujo ritmo à base de colcheias e semicolcheias, com breves pausas regulares no fim do compasso, permitia aos pares as novas possibilidades de aproximação dos corpos que viria a chamar popularmente de dançar agarrado. 

Interpretada pela primeira vez no Brasil na noite de 3 de julho de 1845 no palco do Teatro São Pedro, no Rio de Janeiro, pelas duplas de atores Felipe e Carolina Cotton e Da Vecchi e Farina – segundo pesquisa de Vicente de Paula Araújo em jornais da época – a polca espalhou-se pelos salões de todo o país como uma espécie de febre que explicaria, inclusive, a criação em 1846 de uma Sociedade Constante Polca na côrte carioca. Cultivada por compositores de teatro musicado e amadores componentes de grupos de choro, a polca acabaria por fundir-se com outros gêneros locais de música popular desde a virada dos séculos XIX/XX, para chegar à era dos discos mecânicos. E isso demonstrado pelo levantamento de centenas de gravações, entre 1902 e 1927, de polcas dobrado, galope, fado, fadinho, lundu, tango e, ainda em criações originais tipo polca militar e polca carnavalesca. 

A polca foi revivida após a década de 1930 em composições eventuais agora sob as firmas de polca-choro, polca-maxixe, polca-baião e até numa curiosa experiência de polca-canção. E mais ainda recentemente, alcançaria a glória de receber, em 1950, notícia histórica posta em música, com seu ritmo, na composição de Luís Peixoto e José Maria de Abreu E Tome Polca, gravada pela cantora Marlene.